PROJETO DA OAB-SP AMEAÇA DEFENSORIA PÚBLICA E ASSISTÊNCIA JURÍDICA GRATUITA
Entidades de direitos humanos, movimentos sociais, advogados e defensores públicos organizam um abaixo-assinado contra um Projeto de Lei Complementar (PLC) em trâmite na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo que propõe a alteração da gestão do Fundo de Assistência Judiciária (FAJ) da Defensoria Pública para a Secretaria de Justiça e Cidadania do governo estadual.
Fábio Nassif
Diversas entidades de direitos humanos, movimentos sociais, advogados e defensores públicos organizam um abaixo-assinado contra um Projeto de Lei Complementar (PLC) em trâmite na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo que propõe a alteração da gestão do Fundo de Assistência Judiciária (FAJ) da Defensoria Pública para a Secretaria de Justiça e Cidadania do governo estadual. Na prática, a mudança pode retirar a verba que garante assistência jurídica gratuita para cerca de 25 milhões de potenciais usuários da população com renda de até 3 salários mínimos.
Proposta feita pela própria OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo encampada pelo deputado Campos Machado (PTB), o PLC 65/2011 já recebeu parecer favorável de Jorge Caruso (PMDB) na Comissão de Constituição, Justiça e Redação e de Vitor Sapienza (PPS) na Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento, e pode entrar na pauta do plenário nos próximos dias, já que a casa funcionará até sexta-feira da semana que vem.
O texto do abaixo-assinado aponta que o projeto é inconstitucional por uma série de motivos. A iniciativa estaria viciada pois a competência de legislar sobre a Defensoria é do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e não dos deputados. Mais do que isso, o projeto poderia ir contra o artigo 5o da Carta Magna que diz que “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”.
A Defensoria Pública de São Paulo foi criada apenas em 2006, mesmo que já prevista na Constituição desde 1988. A origem do problema dos recursos está na falta de profissionais para atender a grande demanda.
Desde seu início, foram realizados quatro concursos públicos para convocação dos 500 defensores que fazem parte do quadro atual. No entanto, foi feito um convênio – uma espécie de terceirização - para as áreas onde a Defensoria Pública não consegue atender, nos quais trabalham os advogados selecionados por uma lista feita pela OAB-SP. Mas, os recursos são geridos pela Defensoria, que faz a fiscalização e o pagamento desses serviços.
O problema foi agravado depois que cerca de 13 mil certidões de pagamentos de honorários foram negadas, pois, segundo a Defensoria, apresentavam “inconsistências e irregularidades”. Ou seja, o dinheiro seria transferido mesmo em casos onde, por exemplo, o serviço não foi prestado. O presidente da APADEP (Associação Paulista de Defensores Públicos), Rafael Vernaschi, explicou que o convênio com a OAB é necessário hoje, mas, em sua opinião, deve ser gradativamente reduzido. Mesmo que o projeto em questão garantisse a assistência jurídica gratuita, ele serviria enfraqueceria a Defensoria.
Vernaschi também disse que quase 85% do FAJ são para pagamento dos advogados, e que a menor parte é para a expansão e melhoria estrutural da Defensoria. Em sua opinião “a aprovação deste projeto é um retrocesso para o modelo de assistência jurídica previsto na Constituição”, além de ferir a autonomia do órgão. Ele diz que a OAB está atuando paralelamente à Defensoria, e lamenta que “esse movimento de criação da Defensoria Pública precisou de anos de mobilização para, depois de tudo isso, ameaçarem tirar os seus recursos”.
A decisão de manter e fortalecer Defensoria Pública – com a abertura de mais concursos públicos, por exemplo -, que presta um trabalho fundamental àqueles que não têm acesso aos caros escritórios de advocacia, só pode ser tomada pelo Governo do Estado de São Paulo. O mesmo responsável pelas condições atuais da Defensoria. As entidades temem que, caso o projeto seja aprovado, ele se espalhe para outros estados do país. A reportagem não conseguiu contato com a OAB-SP.
Veja as entidades que assinam o texto contra o projeto:
Associação Paulista de Defensores Públicos - APADEP
Associação Nacional dos Defensores Públicos - ANADEP
Ouvidoria-Geral da Defensoria Pública do Estado de São Paulo
Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais - ANADEF
Movimento Nacional da População de Rua - MNPR
União dos Movimentos de Moradia de São Paulo - UMMSP
Pastoral Carcerária Nacional - CNBB
Pastoral Carcerária do Estado de São Paulo - CNBB Sul I
Instituto Práxis de Direitos Humanos - IPDH
Instituto Terra, Trabalho e Cidadania - ITCC
Movimento Mães de Maio
Instituto de Defesa do Direito de Defesa - IDDD
Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana
Instituto Sou da Paz
Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico
Instituto Pólis
Escritório Modelo “ Dom Paulo Evaristo Arns” da Faculdade de Direito da PUC/SP
Associação Amigos do Memorial da Classe Operária - UGT
Instituto Luiz Gama
Associação Juízes para a Democracia - AJD
Núcleo de Estudos do Direito Alternativo – NEDA
Uneafro Brasil - União de Núcleos de Educação Popular para Negros e Classe Trabalhadora
AFDDFP - Associação Franciscana de Defesa de Direitos e Formação Popular
Associação Filantrópica de Proteção aos Cegos
APPA - Associação Prudentina de Prevenção à Aids
APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Presidente Prudente
Associação de Peregrinação do Rosário
Associação Bethel - Projeto Mão Amiga
Associação de Atenção ao Idoso Vila da Fraternidade Ana Jacinta
Associação Prudente recuperando vidas Nossa Senhora do Carmo - APREV
Liga Brasileira de Lésbicas
SOF - Sempreviva Organização Feminista
Marcha Mundial das Mulheres
Movimento de Lutas nos Bairros, Vilas e Favelas – MLB – Brasil
Ouvidoria-Geral da Defensoria Pública do Ceará
Associação Fala Negão/Fala Mulher
Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Campinas
Associação da Pastoral da Moradia da Diocese de São Miguel Paulista
Movimento Nacional de Direitos Humanos - Regional São Paulo
Centro de Direitos Humanos de Sapopemba - CDHS "Pablo Gonzales Olalla"
Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente - CEDECA Sapopemba
Instituto Daniel Comboni
Sos Peace - Movimento para o Resgate da Paz, do Meio Ambiente e do Amor pela Vida
Associação de Amigos do Jardim América - Araçatuba-SP
Instituto Eides - Escola Interativa de Desenvolvimento Social
Assopra - Associação Otimização Pró Autista
Associação Cultural dos Afro-Descendentes da Baixada Santista (AFROSAN)
Sociedade Comunitária Ecológica Cultural da Zona Leste\SP
Associação dos Inscritos no Programa Habitacional do Município de São José dos Campos - SP
Centro de Cidadania, Defesa dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social “Dorothy Stang”
Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos
Associação dos Moradores do Jardim Comercial e Adjacências - Capão Redondo - São Paulo - SP
Ação dos Cristãos para Abolição da Tortura - ACAT-Brasil
GRUPAR-RP - Grupo de Pacientes Reumáticos de Ribeirão Preto e Região
Procon Municipal de Barra Bonita
Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo
Associação Brasileira de Defesa da Mulher da Infância e da Juventude
Fé-minina - Movimento de Mulheres de Santo André
Associação de Pais e Amigos do Autista do Vale dos Sinos – AMA / VS
Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis (ABLGT)
Frederico de Almeida - Coordenador da Graduação em Direito da FVG-SP
Conselho Regional de Psicologia de São Paulo - 6ª região
Associação dos Aposentados e Pensionistas de Sorocaba e Região (Apenso)
Associação Casa da Cidade
Associação dos Especialistas em Políticas Públicas do Estado de São Paulo (AEPPSP)
Instituto Baresi
IBCCRIM - Instituto Brasileiro de Ciências Criminais
Uneafro Brasil
Associação Franciscana de Defesa de Direitos e Formação Popular - AFDDFP
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19174
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